sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Conservador do Musée Rodin e restaurador em Salvador

Faculdade de Medicina
M.Ribeiro, F.Mendonça, HH.Costa, I.Kirsch, M.Mereilles, F.Blanchetière
a plateia
F.Mendonça, M.Mereilles, Roaleno, I.Kirsch
François Blanchetière
M.Mendonça, HH.Costa, M.Molac
F.Blanchetière e M.Molac examinando O homen que anda
F.Blanchetière e M.Molac

O conservador do Musée Rodin em Paris, o especialista François Blanchetière, e o restaurador Marcel Molac estão em Salvador para examinar a situação do acervo de Rodin cedido em comodato ao Museu Rodin Bahia-Palacete das Artes.

Após um exame minucioso das obras, os especialistas garantem que as esculturas originais estão sob os padrões internacionais de cuidados técnicos de conservação.

François Blanchetière e Marcel Molac participam também do Seminário Internacional de Restauro de Bens Móveis promovido pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC). O evento reúne especialistas franceses, italianos e de 10 estados brasileiros na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia, no Centro Histórico de Salvador.

Segundo François Blanchetière, desgastes de esculturas são naturais: Enfrentamos problemas de oxidação na França, assim como, em qualquer parte do mundo em peças de gesso e outros materiais, como bronze. O especialista acrescenta a respeito da conservação das quatro peças em bronze nos jardins do Palacete: A equipe do Rodin-Bahia está utilizando técnica de conservação preventiva, com a aplicação de cera micro-cristalina nas obras em bronze para evitar oxidações, comuns em cidades com altos índices de umidade. François Blanchetière explicou na sua palestra que não se deve limpar a escultura excessivamente sob risco de comprometer as características originais da peça artística e de ocorrer lesões irreversíveis.

A exposição Auguste Rodin - Homem e gênio fica em Salvador até outubro de 2012. Esta é a primeira vez na história que o Museu Rodin Paris concorda em ceder para uma exposição, e por tanto tempo, as peças do artista considerado o pai da escultura moderna. O conjunto de obras é composto por originais que são registrados no inventário das coleções públicas francesas, sendo consideradas propriedade inalienável do Estado Francês.

As 62 peças foram esculpidas em gesso. Para Rodin, somente o gesso era capaz de moldar sobre o que já fora criado, o metal ou o mármore impediam as torções e contornos necessários a sua representação artística.
Entre os destaques da exposição, estão obras como "O Beijo", "O Pensador", "O Escultor e Sua Musa", "Eva", "A Defesa", "O Desespero", "Terceira Maquete para a Porta do Inferno", "Glaucus", "O Sono", "A Meditação", "A Eclesiástica" e a "Danaide".

O projeto Rodin é uma iniciativa do governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado, e conta com o apoio do Governo Federal do Brasil, da República Francesa e do Museu Rodin Paris.

sábado, 13 de novembro de 2010

Especialista das políticas culturais faz consultorias em Salvador

Irène Kirsch, Marcio Mereilles e Jean-Louis Biard
Jean-Louis Biard na Galeria Paulo Darzé
Murilo Ribeiro e Jean-Louis Biard
I.Kirsch, P.Ribeiro, JL. Biard e M.Colin
Jean-Louis Biard e Carlinhos Brown
Jean-Louis Biard e Frederico Mendonça
Carlos Paiva e Jean-Louis Biard
Jean-Louis Biard no MAM
Jean-Louis Biard e Cristina Castro
Jean-Louis Biard e Bernard Attal
Jean-Louis Biard e Aninha Franco

Após Recife, Jean-Louis Biard, membro do Conselho de Administração do Observatório de políticas culturais - OPC encontrou-se com algumas das maiores figuras da vida cultural e artística de Salvador. Foram muitas visitas, muitas conversas no mundo do teatro, das artes visuais, da universidade, da música, da dança, do audiovisual, da administração pública, da produção, etc. e finalmente uma expectativa de uma parceria de alto nível entre o Brasil e a França na perspectiva da criação de um observatório brasileiro.

O Observatoire des Politiques Culturelles francês acompanha as políticas culturais públicas na França, na Europa e no mundo. Ele age por meio de consultoria aos políticos, às coletividades públicas e aos responsáveis culturais. O OPC trabalha sobre a inovação artística e cultural, as transformações da sociedade e questiona a articulação entre essas mudanças e as questões de políticas públicas em nível territorial.

No Brasil, o objetivo da missão é de verificar se a invenção de um instrumento local seria pertinente e qual seria sua forma.

In foco, são as políticas e ações para a arte e a cultura e a articulação público/privado. Como se organiza o sistema da ação pública e privada (financiamento, quadro jurídico, institucional e humano)? Quais são as políticas públicas de criação, produção, divulgação e formação em todas as áreas da arte e da cultura? Quid dos poderes locais? Quid do conceito de diversidade cultural da UNESCO nas ações? Qual é o papel das universidades, qual é a situação da pesquisa?

Jean-Louis Biard criou e administrou uma Maison pour Tous num bairro novo da cidade de Niort desde 1969. Em 1978, trabalhou na cidade de Roanne como assessor cultural, encarregado da elaboração e da implementação da política cultural da cidade. Em 1985, tornou-se diretor dos assuntos culturais, do patrimônio e do turismo na cidade de Poitiers com foco nos equipamentos socioculturais e os estabelecimentos culturais e o apoio à vida associativa. Foi para Rennes em 1999 como Diretor da Ação Cultural: participou principalmente da reorganização do Conservatório e da política de formação musical, coreográfica e teatral assim como do apoio à emergência artística. Em 2001, tornou-se diretor de assuntos culturais na comunidade da aglomeração urbana de Rennes Metrópole para qual concebeu uma política cultural comunitária.
Hoje é membro do Conselho de administração do Observatoire e atua nos assuntos de estratégias das políticas culturais, de ensino da música ou de leitura pública.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Gotan Project levanta o TCA

Eduardo Makaroff, Carlinhos Brown e Christoff H. Muller
Christoff H.Muller, Irène Kirsch e Philippe Cohen Solal
Eduardo Makaroff e seus amigos argentinos
Cathy Schup e Philippe Cohen Solal
Gotan Project, C. e B.Boulay e I.Kirsch
Eduardo Makaroff e amigo Franklin Soffer
fotos I.Kirsch e B.Boulay

Na parada soteropolitana da turnê mundial de lançamento do disco Tango 3.0, o Gotan Project levantou a plateia do TCA lotado na quarta-feira passada, dia 13 de outubro.
O trio Philippe Cohen Solal, Eduardo Makaroff e Christoph H. Müller misturou com elegância e energia o som do tango e da música eletrônica. Abriu com o bandoneon de Carlos Gardel e seus successos, entre outros Epoca, La Gloria ou Rayuela, acompanhando sua música com show visual na tela. Em companhia do piano, do bandoneon, do violino, do trumpete e de uma cantora de verdade, o Gotan Project combinou trechos programados e show ao vivo.

Na véspera do concerto, o trio internacional fez uma visita ao Cacique da praça, Senhor Carlinhos Brown, que abriu as portas de seu estúdio no Candeal. Bate papo de músicos.

domingo, 10 de outubro de 2010

Etnólogo Jean-Yves Loude ministra seminário na UFBA

Jean-Yves Loude


I.Kirsch, JY. Loude, V.Lièvre, D.Lemos
fotos Irène Kirsch

Cabo Verde
Cabo Verde
Cabo Verde
Cabo Verde
São Miguel
São Tome e Principe
São Tome e Principe
São Tome e Principe
Tchiloli
Tchiloli
Tchiloli
fotos Viviane Liève
O Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA (IHAC) e o SCAC Salvador, com apoio da Région Rhône-Alpes receberam o etnólogo, escritor e viajante Jean-Yves Loude para dois seminários O encontro da África e da Europa e Pepitas brasileiras dias 4 e 5 de outubro.

Durante dois dias, Jean-Yves Loude comunicou para a plateia seu entusiasmo de criança e suas descobertas fora dos caminhos oficiais sobre a África e o Brasil. Tocou música, apresentou seus livros, mostrou fotos de sua parceira e esposa, Viviane Lièvre e acima de tudo contou histórias maravilhosas. Durante duas tardes, voltamos a infância e nos transformamos em exploradores da alma humana.
Jean-Yves, obrigada por essas viagens inéditas.

Durante vinte anos, Jean-Yves Loude e sua mulher, Viviane Lièvre, ambos etnólogos, percorreram os países africanos de língua portuguesa. Da efervescência musical em Cabo-Verde ao teatro ritual nas ilhas de São Tomé e Príncipe, do Mali medieval a Lisboa, cidade negra, eis o longo caminho de um escritor viajante a procura da resistência das culturas populares. Nas suas narrativas de viagem, o escritor e etnólogo Jean-Yves Loude dirige investigações quase policiais sobre as consequências imprevistas das Grandes Descobertas portuguesas e salientam a emergência de várias culturas nascidas entre povos oriundos das bodas brutais da Europa com a África.

Após anos de viagem pela África chegou a hora dessas buscas prosseguirem no Brasil, cuja notória vitalidade provém, em grande parte, da impetuosa vontade de sobreviver sentida por milhões de Africanos e seus descendentes submetidos à escravidão durante séculos. Mais uma vez, Jean-Yves Loude e Viviane Lièvre resolvem viajar por trás da fachada da História oficial e da muralha dos preconceitos redutores, ao encontro dessa criatividade dos Afro-descendentes.
Jean-Yves Loude publicou mais de quarenta livros, muitos dos quais na editora Actes Sud.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A Pousada des Arts, um cantinho especial

O cineasta Amos Gitai ao lado do seu anfitrião Eric Gouguenheim

Vista para a baía de Todos os santos com direito a rede e sucos de frutas naturais

O espaço é enorme, mas é superaconchegante

A Pousada des Arts vista de fora

O SCAC de Salvador vai dividir com seus leitores os seus parceiros nesses dois anos de trabalho na Bahia e começamos pela Pousada des Arts que recentemente hospedou o cineasta franco-israelense Amos Gitai e seu produtor Laurent Truchot. Um casarão deslumbrante e que só após três anos de obras realizou o sonho de Rose e Eric Gouguenheim: fazer da Pousada des Arts, um casarão colonial do século XVIII, localizado no Centro histórico de Salvador, tombado desde 1985 pela UNESCO como patrimônio da humanidade, um cantinho especial. Localizada no bairro de Santo Antônio, a cinco minutos da constante animação do Pelourinho, parece um pedaço do interior, com seu largo e sua paz. Com uma clientela fiel se formou durante esses anos, Rose e Eric tem como objetivo compartilhar com os hóspedes a paixão que nutrem por Salvador, cidade na qual se misturam raças e culturas, onde a música e a dança estão onipresente, o maior Carnaval de rua do mundo e a felicidade deste povo tão aconchegante se unem na maior harmonia. Na Pousada des Arts a gente se sente em casa.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

AMOS GITAI UM CINEASTA NAS RUAS DE SALVADOR

Laurent Truchot e Amos Gitai no MAM - Bahia
Amos Gitai passeia na Feira de São Joaquim
Amos Gitai sempre com a câmera na mão...

Com a jornalista Deolinda Vilhena e o produtor Laurent Truchot
Legumes, frutas, verdura e cores chamavam atenção
Na Sala de Arte-Cine Vivo com Bernard Attal e Deolinda Vilhena
Com Irène Kirsch, Sofia da SECULT e Marcelo da Sala de Arte-Cine Vivo
Com Vavá, Irène e Márcio no caruru dos santos
Com Zebrinha e Márcio Meirelles na sede do Balé folclórico da Bahia
Passeio pelas ruas do Pelô em companhia de M. le Secretaire
Amos e Marcio em papo animado a caminho do Caruru dos santos
Balançando o Pelô em companhia de Márcio, Laurent e Suzana

Amos passeia pela Igreja do Passo
As escadas da Igreja do Passo fotografadas por Amos Gitai
Fotos Irène Kirsch
Um cineasta sem fronteiras
O cineasta israelense Amos Gitai está no Brasil à convite da Embaixada da França e da Culturesfrance – órgão encarregado da promoção da cultura francesa no exterior – para acompanhar uma retrospectiva de sua magnífica obra nas cidades de Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Patrocinada pelo governo francês, a viagem de Amos ao Brasil é um exemplo do melhor que a França oferece ao mundo e prova do quanto o cinema francês é um cinema aberto para o mundo.
Dono de uma filmografia que inclui obras-primas como “Kadosh” e “O Dia do Perdão”, Amos firmou-se no circuito internacional como um dos grandes do cinema político, ao lado de Costa-Gavras e Ken Loach.
Nascido em 1950 em Haifa, dois anos depois da criação do estado de Israel, Amos Gitai realizou cerca de quarenta filmes, entre documentários e ficção, que exploram a história de Israel e do Oriente Médio e são testemunhas de sua trajetória interna, abordando temas como o exílio, a fronteira, a religião, a utopia e a noção de lar.
Filho de um arquiteto da Bauhaus, que emigrou para Israel e adotou o sobrenome Gitai que significa “o que tira o suco da uva, o que prepara o vinho”. Do avô, veio a idéia de dar-lhe o nome de Amos, o mais socialista dos grandes profetas judeus. Reza a lenda que o nome faz o homem, no caso de Amos Gitai ele estava predestinado a ser um um cineasta de esquerda.
Em 1983, depois dos polêmicos House e Field Diary, mudou-se para Paris, retornando Israel apenas quando da eleição de Yitzhak Rabin, mas não perdeu o contato com o país, e a maioria de seus filmes são coproduções entre Israel e a França.
Hoje divide-se entre Tel Aviv e Paris, na verdade mora no mundo, num mundo sem fronteiras, chegou há cinco dias no Brasil, estava no Festival de Haifa, depois de passar por Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre, retorna a Paris onde será homenageado em grande estilo no Beaubourg.
Na verdade, Amos completa 60 anos no próximo dia 11 de outubro e o Ministro da Cultura da França, Frédéric Mitterrand, ao lado de Alan Seban, presidente do Centro Pompidou, presta uma homenagem ao cineasta no dia 12 de outubro, com a exibição de seu filme “Carmel”, com direito a presença da equipe do filme e a fina flor da intelectualidade francesa. A França sai na frente e oferece as honras devidas a esse que é, sem dúvida, o maior cineasta israelense de todos os tempos e um dos grandes nomes do cinema internacional.
Se tudo der certo Amos volta ao Brasil ainda este ano, atendendo convite do amigo Leon Cakoff, criador do mais antigo festival internacional de cinema no Brasil, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, realizada anualmente desde 1977, sempre no mês de outubro. Até o final do ano ele tem na agenda viagens à China e ao Japão. Rodinha nos pés é pouco para ele...asas tornariam sua vida mais fácil.
Sua programação em território brasileiro foi intensa. Na Bahia com a coordenação da Adida cultural da França, Irène Kirsch em parceria com o circuito da Sala de Arte e pela Secretaria de Estado de Cultura do Governo da Bahia, incluiu a exibição de três filmes de Amos Gitai na Sala de Arte Cine Vivo de 24 a 27 de setembro. Mas o ponto alto foi o encontro do cineasta com o público baiano na noite de 28 de setembro, pilotada pelo cineasta francês radicado na Bahia, Bernard Attal e por essa colunista de vocês.
No Rio de Janeiro Amos é um dos destaques do Festival International de Cinema, e foi programada uma retrospectiva de 10 filmes, entre os quais Alila, Kippur - o dia do perdão, Esther, News From Home, Free Zone, Kadosh, Kedma, Berlin Jerusalém, Golem o espírito do exílio e Aproximação.
Na sequência Amos estará em Porto Alegre onde a Aliança Francesa e o Santander Cultural – belíssimo centro cultural no centro da cidade onde ministrei com muito orgulho minha oficina de Introdução à produção teatral durante o Poa em cena – organizaram uma Mostra Especial composta por algumas obras inéditas para os gaúchos, algumas das quais serão exibidas apenas uma vez. Entre essas maravilhas, dois filmes da Trilogia do Exílio contam com a participação da companhia Tanztheater Wuppertal de Pina Bausch.
De quebra Amos participará de dois encontros com o público, amanhã, sábado, em sessão comentada por ele de “Kadosh – Laços sagrados” e domingo, com a participação mais do que especial de Moacyr Scliar e de Laurent Truchot, produtor de Amos. Depois de três semanas produzindo o maior festival de teatro da América Latina, estou certa de que Porto Alegre receberá comme il faut Amos Gitai. Confesso que já dei minha contribuição agendando um encontro de Amos com Luciano Alabarse, o que conheço dos dois me autoriza a dizer que Porto Alegre só terá a ganhar se essa dupla engrenar. Aguardemos pois boas novas.
Um sabra nas terras do Senhor do Bonfim
A sensação que tenho após dois dias ao lado de Amos Gitai é a de ter conhecido um verdadeiro sabra, nome dado aos judeus nascidos em Israel numa alusão à fruta do mesmo nome que cresce nos cactus da região, dura e espinhosa em seu exterior ela é suave por dentro. Por sua estatura e seu porte, os grandes óculos escuros e a roupa invariavelmente preta, o primeiro contato é impressionante, principalmente quando se sabe que, antes de ser cineasta, ele foi soldado da Tsahal – o exército israelense. Mas o primeiro sorriso de Amos, ainda no aeroporto de Salvador, confirma a teoria do sabra. Ele é simplesmente adorável. O que não deixa de ser uma agradável surpresa para quem entendeu há muito tempo, que um grande artista não é, obrigatoriamente, um grande ser humano. Amos faz parte da exceção que confirma a regra.
Suas visitas ao Brasil não são nenhuma novidade. Amos já é de casa. Mas se ele já conhecia São Paulo, Rio, Brasília e Manaus ainda não havia tido a oportunidade de conhecer Salvador, para ele terra de Glauber Rocha, cineasta com o qual se identifica graças a suas “imagens ao mesmo tempo poéticas e delirantes”, como disse em entrevista a Ludmila Carvalho do jornal A Tarde.
Amos chegou a Salvador informando a Irène Kirsch que gostaria de prolongar em algumas horas sua estada na capital soteropolitana e poder descobrir a beleza da cidade. Pedido feito, pedido aceito pois a um gênio nada se nega.
Hóspede de Eric e Rose Gugghenheim na charmosíssima Pousada des Arts no bairro de Santo Antônio, com vista para a Baía de Todos os Santos, e em companhia de seu produtor e amigo, Laurent Truchot, Amos não perdeu tempo. Pouco depois de chegar, máquina fotográfica em punho, saiu rumo à Igreja do Paço, estrela do filme O Pagador de Promessas. Logo depois tomou o rumo do Pelourinho, na agenda um encontro com o Secretário de Cultura da Bahia, Marcio Meirelles que o convidara para um caruru dos santos na sede do Balé Folclórico da Bahia. Durante o percurso, feito a pé, os dois tiveram a oportunidade para uma primeira conversa.
Enquanto Laurent traçava o caruru com tudo o que tinha direito, Amos imitava Irène Kirsch e encarava um prato de arroz. A culinária baiana não é para principiantes...depois do almoço visita a igreja de São Francisco e muitas, muitas fotos. Depois a oportunidade de conferir a campanha eleitoral no Brasil, com direito a corpo-a-corpo na frente do Elevador Lacerda.
Acompanhado por Bernard Attal seguiu para a Sala de Arte-Cine Vivo, no Itaigara, em dia de comício e jogo do Bahia, com direito a todos os engarrafamentos da cidade. Mas chegou a tempo de conceder uma entrevista antes do bate-papo com o público onde mostrou não só seus conhecimentos, mas também seu jogo de cintura para fugir de perguntas mal formuladas. Ou das ciladas. Em companhia dos organizadores da mostra na Bahia, Amos terminou sua primeira noite na capital soteropolitana entregue aos prazeres da gula no restaurante Amado.
Na manhã de quarta-feira a melhor de todas as novidades: Amos quer filmar no Brasil, e já escolheu a cidade: Salvador. Segundo ele, belíssima. As negociações devem começar após as eleições e já estou na torcida por Jaques Wagner – para quem não sabe o governador é judeu e fala muito bem a língua de Molière o que facilita as negociações com Amos.
Após o anúncio da novidade, Amos em companhia de Irène Kirsch e Laurent Truchot visitou a feira de São Joaquim, onde fez uma enxurrada de fotos. Se eu fosse Marcio Meirelles já estaria encomendando algumas delas e programando uma exposição, pois além de grande cineasta ele é conhecido pelo seu talento como fotógrafo.
Depois da feira de São Joaquim, Amos fez questão de visitar o Museu de Arte Moderna da Bahia; e sua lente registrou o prédio do Solar do Unhão, sua capela e a escada de Lina Bo Bardi...
Antes de partir rumo ao Rio de Janeiro, pausa na Marina para almoço no Soho, combinado de sushi e sashimi de salmão e atum com cerveja Bohêmia. Na despedida troca de e-mails, telefones, endereços, encontros marcados em Sampa, Paris e Tel Aviv, projetos vários. Deixou de presente um livro para Marcio Meirelles, outro para Monique Badaró e outro para essazinha que vos escreve. Todos devidamente autografados.
Pude observá-lo de perto, segundo Caetano de perto ninguém é normal...sou obrigada a discordar, afora a genialidade que aflora – basta observar a maneira como ele olha o mundo, a maneira como segura a máquina e dirige a lente em uma determinada direção, usando uma determinada luz – ninguém diria que aquele homem imenso, com cara de poucos amigos e sorriso doce, é um dos maiores nomes do atual cinema mundial. Que tenha sido apenas o primeiro de muitos outros encontros. Além de ser um dos meus cineastas preferidos, ele poderia ser um dos meus amigos preferidos. O tempo dirá...

http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4710517-EI11348,00-Amos+Gitai+em+solo+brasileiro.html