quinta-feira, 3 de novembro de 2011

As 10 regras de ouro da recuperação física por Marc Pujo

oficina de Marc Pujo (FIAC 2011)
fotos Irène Kirsch

O treinamento físico expõe o organismo a cargas de trabalho superiores às habitualmente solicitadas a fim de induzir a melhorias notáveis das funções ligadas às execuções destas cargas.
O acúmulo de cargas demasiadamente importantes e períodos de recuperação física insuficientes podem conduzir a uma fadiga persistente que somente poderá ser eliminada com algumas semanas de suspensão do treinamento.

A performance esportiva baseia-se na aplicação de 10 conselhos de recuperação, facilitando, assim, as adaptações do organismo :

1. Dormir
•Efetuar as sessões de forte intensidade antes das 19 horas.
•Respeitar a regularidade das horas de dormir.
•A sesta não deve ultrapassar os 20 minutos.
•Erguer os membros inferiores no caso de « pernas pesadas ».

2. Alimentar-se
•Reconstituição das reservas energéticas (lanche ou refeição) nos 30 minutos pós-treinamento: leite, cereais e suco de laranja.
•O lanche não deve impedir uma refeição equilibrada à noite.
•As proteínas do leite, associadas a glucídios, permitem preencher a reserva energética dos músculos em recuperação.
•Os glucídios lentos facilitam um sono reparador.

3. Hidratar-se
• Beber água continuadamente durante as recuperações do treinamento ou depois de esforço.
• Os calores intensos devem ser associados a uma ingestão de sal na proporção de 1 gr por litro de água.
•As bebidas energéticas (com pouco açúcar) permitem facilmente uma reidratação profunda graças aos diferentes sais minerais.
• Uma quantidade de 250 ml a cada 20 minutos é aconselhável durante a primeira hora de recuperação após o exercício.

4. Recuperar ativamente
•A recuperação ativa precede geralmente os outros modos de recuperação como os alongamentos, as massagens e o retorno venoso.
•Sua intensidade situa-se entre 40% e 60% da velocidade máxima aeróbica, e a sua duração entre 10 e 20 minutos.
Ela permite manter um nível de desempenho importante no dia seguinte ao de uma sessão de treinamento intenso e deve ser feita imediatamente após exercícios intensos.

5. Melhorar um retorno venoso
•No lugar de, ou após uma recuperação ativa, preconiza-se uma sessão de eletroestimulação* durante 10 a 20 minutos.
•Uso de meias de contenção durante a primeira hora de recuperação no mínimo.
•Para os membros inferiores, utilizar banhos frios à temperatura de <15º, por vários períodos de um minuto e meio.

6. Diminuir as inflamações
•Mergulhar em banhos quentes-frios (40° e 8°) por períodos de um minuto (2 a 5 repetições para cada banho).
•Aplicações localizadas de frio ou gelo, em caso de dor intensa.

7. Diminuir as tensões musculares
•Mergulhar em banhos quentes (tipo Jacuzzi), 28º-40º, com duração de 10 minutos no mínimo.
•Fazer uma massagem relaxante prolongada
•Nas refeições, comer alimentos alcalinos e tomar bebidas gasosas (bicarbonato de sódio).
•Utilizar colchões de água para relaxar.

8. Alongar-se
•Os alongamentos passivos prolongados têm, a curto prazo, um efeito nefasto sobre a capacidade máxima.
•Aconselha-se, mais ainda, os alongamentos após os exercícios de saltos e velocidade.
Em exercícios de grande dificuldade mecânica e excêntrica, os alongamentos não são procurados.

9. Buscar um retorno à calma
•Permanecer em ambiente calmo, massagem relaxante recomendável.
•A exposição à sauna facilita uma recuperação psicológica com um melhor retorno à calma.
•A utilização de eletroestimulação* facilita também o retorno a esta calma.
•Caminhar tranquilamente numa piscina de água temperada quando isto for possível.

10. Recuperar durante uma viagem
•Procurar não ficar sentado por muito tempo.
•Prevenir as diferenças de fusos horários com medidas de precaução apropriadas.
•Andar e beber água regularmente durante longos trajetos em posição sentada prolongada (avião, ônibus, carro...)
•Eletroestimulação* para facilitar retorno venoso.

*Aparelho destinado a propiciar retorno venoso tipo “Veinoplus®”.



domingo, 30 de outubro de 2011

Estudante da ETUFBA no Théâtre du Soleil em Sampa

Marie na mise en place
Duccio Bellugi-Vannuccini
Serge Nicolaï
Eve Doe-Bruce e Ariane Mnouchkine
Juliana Carneiro da Cunha
Jean-Jacques Lemêtre
Ariane Mnouchkine e Delinda Vilhena
fotos Irène Kirsch
Nos dias 14, 15 e 16 de outubro pude vivenciar umas das mais valiosas experiências da minha vida: conhecer pessoalmente o Théâtre du Soleil.
Acompanhada de minha professora Deolinda Vilhena e da Adida cultural da França na Bahia Irène Kirsch – as quais foram responsáveis por me proporcionar esta vivencia – desembarquei em São Paulo no dia 14 e logo após o almoço fomos ao SESC Belezinho ver de perto o Teatro do Sol em terras brasileiras. O encanto foi instantâneo. A visão externa da tenda era algo incomum a tudo que eu já tinha visto, a visão interna chegava a ser surreal para mim.
Logo após esta primeira impressão começaram a chegar os integrantes do grupo. A primeira pessoa que conheci foi a brasileira Aline Borsari, que já trouxe consigo os primeiros raios de Soleil ao SESC, e depois dela foram chegando os outros para iniciarem as atividades do dia: reunião com Ariane (a diretora do grupo), arrumação do palco para o espetáculo a noite, caracterização dos atores e apresentação do espetáculo. Neste mesmo dia pude ser contagiada com a energia sempre em cima de Jean-Jacques Lemêtre, o qual serei eternamente fã.
E enquanto eu observava a correria do grupo para a preparação do dia de apresentação, eis que chega Ariane até o lugar onde nós estávamos. Fiquei extremamente emocionada por vê-la assim tão de perto, e na hora meu pensamento foi: - Sim! É verdade. Até então a “ficha não tinha caído” ainda sobre o encontro. Até o momento em que eu fui apresenta à Ariane. Neste dia conheci outras pessoas e depois fomos embora. Eu, muito ansiosa, quase não consegui dormir pensando no dia seguinte que enfim eu iria assistir ao espetáculo.
O sábado então chegou. Cheguei no SESC por volta das 15h e fiquei por ali, ainda mais ansiosa, vendo exposição de artes visuais, conversando com pessoas enquanto esperava o momento de ter acesso ao espaço do grupo. Quando abriram os “portões” de acesso, fui logo até a tenda onde poderíamos ver os atores se preparando no camarim – que é aberto a visão do publico –. Lá, filmei, tirei fotos e depois fui ao espaço da livraria, onde algumas pessoas do grupo ficam vendendo os livros, filmes, CDs sobre o Théâtre Du Soleil. Encontrei pessoas muito legais, pude conversar com algumas, e dentre elas a grande atriz brasileira Inês Peixoto do grupo Galpão. Passado este momento “sala de espera”, veio um rapaz que tocava um sino avisando que o espetáculo iria começar.
Do inicio ao fim (4 horas de encenação) foi puro encantamento, e principalmente, de um teatro que eu jamais vi. No fim do espetáculo desci da arquibancada para encontrar minha professora e não tive nem palavras para descrever o que tinha sentido naquela noite. Sentia-me em êxtase, em hipnose ou anestesia. Voltamos para casa no mesmo ônibus do grupo e só reforçava o meu encanto, pois, era claro o fato de que o mais belo não era o espetáculo (apesar de ser muito belo), mas sim a forma como ele foi concebido, a maneira como aquelas pessoas se responsabilizaram por aquele trabalho e a união que há entre elas. Terminamos assim esse dia: com a lembrança daqueles sorrisos e abraços ensolarados.
E então... O dia, para mim, mais importante. O dia que eu poderia estar ainda mais perto. Domingo, dia 16 de outubro de 2011 eu poderia participar da mise-en-place. Ia ajudá-los a arrumar o palco para a apresentação a noite. Cheguei ao SESC 13h aproximadamente, almocei por lá mesmo e fiquei ali até às 15h esperando por eles, enquanto folheava meu dicionário de francês. Até que acabou a reunião e Juliana Carneiro da Cunha veio me avisar que eu poderia começar a ajudá-los. Antes de falar sobre o trabalho, preciso deixar aqui um ponto sobre Juliana: - Nunca vi uma atriz tão bela em cena. Com tanta intimidade com seu oficio. Mas, voltando... Fui à busca de uma equipe de trabalho para começar o meu contato. De inicio fiquei na equipe de Duccio, onde tinha que ajudá-lo na arrumação de alguns adereços. Mas, como não falo quase nada de francês, acabei indo para equipe de Aline, que é brasileira. Nunca estive tão feliz em aspirar pó, arrastar coisas, carregar peso. Tudo me parecia lindo, porque todos ali presentes sabiam o motivo do esforço físico.
Como são muitas pessoas no grupo, a mise-en-place completa não passou de duas horas.
Assim que acabamos de arrumar as coisas, fui com Aline e um outro voluntário como eu, comer. Todo o Soleil comendo junto. Era outra coisa linda de ver. E lá também podemos com muita alegria vibrar pelos 52 anos de minha professora, Deolinda. Terminamos de comer, me despedi de Aline que foi se arrumar e fiquei no foyer esperando a hora do espetáculo.
Mais uma vez assisti aos Náufragos da louca esperança, e gostei ainda mais. Era o ultimo dia de minha aventura no Soleil e teria que me despedir. Tinha em mim dois grandes questionamentos: quero seguir com eles? ou é melhor voltar e tentar fazer no Brasil um grupo tão belo assim?. Até agora não me respondi. Pois sei que as duas vontades são latentes em mim.
O que sei de tudo isso é que em três dias tive um aprendizado de no mínimo três anos. Sei também que agora falo com a boca ainda mais cheia que eles são minha grande referencia de teatro de qualidade e, que juntamente com meu grupo – Caixa Aberta – tenho um grande desejo, o qual utilizarei uma frase do espetáculo para defini-lo: levar os barcos que vagam no escuro a luz obstinada de um farol.

Agradeço mais uma vez a Deolinda Vilhena em primeiro lugar. A Irene Kirsch, e ao Théâtre Du Soleil pela recepção e por me ensinarem como começar a fazer teatro. (Marie Assumpção)